SNIPERS - INTRODUÇÃO



Apesar dos Snipers não serem necessariamente membros das Forças de Operações Especiais, os membros da ForOpEsp podem ser treinados como snipers. Unidades como o SAS britânico, a Forca Delta americana, o GIGN francês, e inúmeras outras, cada vez mais dependem da função especifica do sniper para obterem sucesso em suas operações. Ele é quem tem a função básica de neutralizar obstáculos humanos para que unidades de ataque possam invadir locais defendidos, ou eliminar ameaças a reféns ou instalações estratégicas.

A palavra sniper vem do pássaro snipe que era muito difícil de caçar e passou a ser dados aos caçadores habilidosos. Foram os alemães que começaram a chamar seus atiradores como snipers. No Brasil, a tradução de snipe é Narceja ou Maçarico. A tradução literal não é conveniente para uso e por isso é usado a palavra caçador no EB. Aqui será chamado de sniper.

O sniper ( tocaieiro, franco atirador, caçador ) sempre ocupou uma posição impar, seja dentro de Forças Militares, ou na imaginação popular. A mera menção de seu nome, sniper, carrega com ela um ar de ameaça. Suas capacidades sempre foram muito maiores que suas limitações, geralmente relacionadas com material como alcance das armas, angulo morto e meteorologia.

A missão principal do sniper é apoiar operações de combate realizando tiros precisos, a longa distância, contra alvos selecionados, de oportunidade ou planejados, sem ser percebido, com o menor número de munição possível. Geralmente o alvo é um soldado, criminoso ou terrorista e pouca munição significa um único tiro. A distância do alvo varia de 100m para a policia a mais de 1km para os snipers militares, retardando movimentos, gerando confusão e diminuindo moral. Como resultado secundário o sniper leva o terror e a desmoralização ao adversário, pela eliminação silenciosa de seus membros. Estas missões podem ser realizadas com armas convencionais bem mais caras como a artilharia e blindados.

A identificação de alvos é crucial com o sniper tendo que distinguir oficiais, mensageiros, operadores de rádio, operador de armas pesada e tripulantes. Os snipers inimigos são os mais importantes e os soldados comuns estão no fim da lista de prioridade.

A doutrina do EB cita como alvos principais:

- oficiais e comandantes de todos os níveis
- guias e rastreadores e seus cães
- atiradores de armas coletivas e pessoal de comunicações
- chefes e motoristas de blindados
- pilotos de helicópteros, pousados ou pairado
- observadores avançados
- snipers/caçadores inimigos

Com armamento pesado pode destruir viaturas, radares, comunicações, entre outros. Todos os alvos citados podem ser engajados a noite com miras adequadas.

No US Army, as funções do sniper apoiando comandantes são:

- coleta de informação de combate em tempo real
- reconhecimento
- apoio de fogo
- tiro de precisão
- eliminação de ameaça
- proteção de força
- coordenação rápida
- aumenta da área de influencia
- diminuição do risco colateral

Sua arma principal é o fuzil de longo alcance, mas também é treinado para chamar artilharia e manejar metralhadora ou plantar explosivos em emboscadas. Os snipers das tropas de operações especiais americanas também recebem treinamento para atuar como controladores aéreos avançados, chamando aviação tática para dar apoio aéreo (cobertura na FAB).

O manual russo da Segunda Guerra Mundial cita as funções do sniper como sendo:

- Destruir armas inimigas que podem interferir no avanço do pelotão (sniper)
- Destruir o componente de comando inimigo para interferir na cadeia de comando (oficiais e sargentos)
- Encontrar e destruir inimigo que esta conduzindo fogo e interferindo no avanço das tropas (metralha, morteiro)

A missão secundaria do sniper, durante o período de inatividade, é a coleta informações, inteligência, observação e reconhecimento do campo batalha, reportando ao escalão superior sobre a situação do inimigo, terreno e meteorologia. Consiste em penetrar a RIPI (Região de Interesse Para Inteligência), realizando reconhecimento de pontos e pequenas áreas e vigiar um setor, via de acesso ou eixo. Deve estar dentro do alcance do rádio. A câmera fotográfica agora parte do arsenal. Os modelos digitais facilitaram o trabalho com facilidade de revelar e número de fotos. Com equipamento adequado a foto pode ser enviada por rádio.

O sniper deve ser bom para observação e orientação com a capacidade de ler mapas e fotografias aéreas. Os snipers devem saber coletar informações em quantidade e qualidade. Já na Primeira Guerra Mundial os snipers se tornaram os ouvidos do quartel general. 


A definição sniper é de um soldado capaz de se ocultar, para atingir alvos de alto valor, coletar informações e se retirar sem ser detectado.

O sniper é considerado uma arma de precisão barata que precisa de pouco apoio e manutenção. Um exemplo da economia de força é poder deter um avanço inimigo com uma força bem inferior.

Os snipers costumam gastar um ou dois tiros por alvo e ainda podem dar um tiro de misericórdia em alguns alvos. O lema de "one shot, one kill" é mais para marketing.

Estudos mostram que na Primeira Guerra Mundial foram gastos sete mil tiros por baixa inimiga, na Segunda Guerra Mundial 25 mil e no Vietnã 50 mil tiros. Já um sniper gastou uma média de 1,3 tiros. O custo em munição é baixo, mas difícil é calcular os custos do efeito moral e psicológico no inimigo. Operar numa área em que haja atiradores de elite significa ter de pensar cuidadosamente antes de fazer qualquer movimento o que reduz a velocidade dos deslocamentos.

Equipes de snipers finlandesas chegaram a caçar companhias russas inteiras durante dias na Segunda Guerra Mundial e usavam fuzil sem luneta. Um operador de metralhadora alemão resolver ser voluntário após perceber que era um alvo prioritário dos snipers russos. Foi a única forma de sobreviver.

Existem três tipos de sniper: militar, policial e propósitos especiais. O sniper militar já pode ser separado no sniper propriamente dito e o DM (Designated Marksman) para apoio de fogo preciso para tropas de infantaria.

Alguns exércitos escolhem os melhores atiradores que são distribuídos ao nível de pelotão ou grupo de combate com armas equipadas com lunetas. No US Army são chamados de Designated Marksman (DM). Um DM não tem todas as habilidades do snipers e apenas batem alvos mais distantes funcionando como apoio de fogo.

Os russo sempre deram muita importância aos DM. Um DM é distribuído para cada pelotão como função semelhante ao do US Army. Acompanham a tropa ou patrulha e a maioria não é treinada como um sniper profissional.

Os snipers da policia tem certas peculiaridades. O cenário é mais para ferir que matar, mas as vezes se o alvo não morrer leva a morte aos reféns. O sniper policial deve ser capaz de acertar partes do corpo para causar morte instantânea sem contração espasmódica para apertar o gatilho, como o "T da morte", área entre olhos e base do nariz onde um tiro causa morte instantânea, sem reflexos motores, ou atingir o alvo escondido atrás de reféns. O sniper policial deve ser muito preciso a curta distancia, onde os engajamentos raramente passam de 300m e a maioria ocorre a menos de 100m. Geralmente são poucos tiros por ação, não se tem limitação de escolha de calibre ou munição, não precisam se preocupar com efeito do ambiente na arma (ficam guardados e são retirados apenas para uso), e não se preocupam com a própria segurança durante e após ação, nem tem problemas para infiltrar ou exfiltrar. 

Os sniper de propósitos especiais usam armas de grande calibre para atingir alvos a alcance ultra longo ou detonar explosivos, ou usar fuzil com silenciador para operações secretas.

A importância dos snipers pode ser comprovada com as novas mudanças no US Army após as experiências nos conflitos recentes e combate ao terror. Atualmente são três equipes nas Companhias de comando e uma equipe em cada Companhia de infantaria. A Brigada BCT do US Army vai ter 48 vagas para sniper contra 18 das brigadas de assalto aéreo e pára-quedistas, mas serão usado mais como DM e não como sniper verdadeiros. Os Rangers aumentaram o número de snipers por batalhão de 14 para 40.


Uma dupla e scout-sniper do USMC no Iraque. Estão armados com o fuzil SR25 que agora foi escolhido oficialmente para equipar todas as forças armadas americanas. O US Army e Reino Unido empregam o sniper atachado a unidade e não como parte, dando mais liberdade aos movimentos. Outros países como França, Israel e Rússia empregam seus snipers como parte da unidade. Os Scout Sniper do USMC agora são parte do pelotão de Surveillance Target and Acquisiton. Também são empregados em pequenos times atachados ao batalhao de infantaria passando a ter proteção. As tropas convencionais EUA usam sniper em duplas, com apoio mútuo, com rádios de linha de visada em missões de curta duração. As SOF usam equipes de dois a quatro snipers, podem ter apoio externo, rádios de longo alcance e missões de longa duração.

Canadá
Snipers canadenses em operação nas montanhas do Afeganistão. Em cada um dos nove batalhões de infantaria ativos há um grupo de snipers constituído de dois atiradores e seu auxiliar. A equipe acima está armada com um fuzil calibre 7,62mm, um fuzil de longo alcance calibre TAC-50 calibre 12,7mm e o auxiliar está armado com um fuzil M-16 (versão local) com um lança granadas. O MacMillan TAC-50 Tactical Anti-Materiel Sniper Rifle System foi comprada pelo Canada para armar seus snipers e depois por vários paises europeus. Os canadenses atingiram o recorde de tiro a longa distancia com a TAC-50 no Afeganistão em 2002 com suas forças especiais. O evento foi durante a operação Anaconda no avanço no vale Shah-i-Kot onde apoiavam a 101 Divisão americana quando as tropas americanas passaram a ser alvo de snipers, metralhadoras e morteiros do Talibã. Os snipers canadenses engajaram a distâncias na maioria entre 780-1.500km. O mais distante foi a 2.430 metros quebrando o recorde de Carlos Hatchcock no Vietnã que atingiu um alvo a 2.215m com uma metralhadora M2 com luneta. A TAC-50 estava equipada com uma luneta Leopold com zoom de 16x e munição AMAX Match .50.


Snipers no Brasil

Em 1988, o Estado-Maior do Exército (EME) despertou para problema de falta de doutrina de uso de sniper no EB. Assim, inciou-se os estudos para equipar os batalhões de infantaria com equipes de caçadores. Desde 2006, o desenvolvimento da doutrina é feita pela Brigada de Operações Especiais. A doutrina já cita que o pelotão de Comando da Companhia de Comando e Apoio dos Batalhões de Infantaria tenha duas equipes de Caçadores e este número pode ser ampliado.

O EB testou varias armas estrangeiras como o M-24, M-21, Sig Sauer SSG 3000, PGM Mini-Hecate, PSG-1 e MSG90 adquiridos em pequenas quantidade. Parece que o escolhido foi o IMBEL Fz .308 AGCL calibre .308. com mira Bushnell Elite 3200 e reticulo MilDot. O AGLC foi desenvolvido segundo as especificações do EB e que foi o que se saiu melhor quando avaliado contra fuzis de sniper de fabricação estrangeira, principalmente no ambiente da Selva Amazônica, onde os snipers seriam mais empregados. No EB, os caçadores utilizam-se de uma luneta com capacidade de telemetria de fabricação israelense. O observador leva um fuzil FAP, com a luneta-telêmetro acoplada, para apoio de fogo.

FAL Luneta
Um sniper do EB em operação no Haiti com um FAL equipado com luneta. O FAL não é bom parar sniper por ter cobertura móvel onde é adicionada a luneta.

Sniper EB
Dupla de caçadores do EB.

FAB
Os snipers da FAB usam o fuzil SIG 551 5,56mm com mira ACOG nos seus BINFA. Outra arma usada é o fuzil de precisão PSG-1.

GRUMEC
Snipers dos GRUMEC armados com um fuzil Parker-Hhale M85 calibre 7,62mm com luneta alemã Schmidt & Bender 6x42. Para tiro noturno pode ser usado a luneta com intensificador de imagem SU-88/TVS-5. Os snipers do COMANF usam o mesmo equipamento.

Próxima Parte: História dos Snipers


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